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Um espaço de análise econômica, antropológica e social

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Teoria das janelas partidas

"Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o professor Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas idênticas abandonadas na via pública, da mesma marca, modelo e até cor. Uma em Bronx, uma zona pobre e conflituosa de Nova York, e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia. Dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada sítio.
"A viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o raio etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável, e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto se manteve intacta.
"Contudo, a experiência em questão não terminou aí. Quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto; o resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro do Bronx.
"Por que o vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo delituoso? Não se trata de pobreza, de classe A, B ou C. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e relações sociais e humanas.
"Considere-se um edifício com algumas janelas quebradas. Se as janelas não são reparadas, a tendência é para que vândalos partam mais janelas. Eventualmente, poderão entrar no edifício, e se este estiver desocupado, tornam-se pontos de criminalidade ou incendeiam o edifício.
Ou considere-se um passeio. Algum lixo acumula-se. Depois, mais lixo acumula. Eventualmente, as pessoas começam a deixar sacos de lixo."
"Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma idéia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como que vale tudo. Se é partido um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gera novo delito.
A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, onde foram eliminados pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno, conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.
Uma estratégia de êxito para prevenir o vandalismo, dizem os autores do estudo, é arranjar os problemas quando eles são pequenos. Reparar as janelas quebradas em pouco tempo, dizem os autores, e ver-se-á que os vândalos terão menos probabilidade de estragar mais. Limpar os passeios, e a tendência será de o lixo não acumular.
A teoria faz duas afirmações principais: que o crime de pequena escala ou comportamento anti-social é diminuído, e que o crime de grande escala é, como resultado, prevenido.